sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Tesão

Na falta do que fazer às 01:40 da manhã decido escrever sobre sexo, perguntei – me: de qual sexo? Do masculino? Do feminino? Dos anjos? Do misto? Invertido? Convertido? Oral? Extraconjugal? Qual o nexo dessa pergunta sobre a importância do sexo? Importância?
Em que moeda? Para quem?
Se cem personalidades ocupadas gastam seu tempo ( que poderia ser dedicado ao próprio) para falando sobre este tema, alguma importância deve ter. Ou serão uns exibidos, querendo mostra sua competência na matéria ou, ao menos, a sua ereção, digo erudição, sobre o assunto? Ou será um sinal do charme das emissoras e editoras em conseguir adesões? Ou ainda, será que sexo é mesmo importante?
Pra mim, o que é? Tesão, Se é tesão, tem importância de tudo que me dá tesão. Como fazer textos. Jogar tênis ou fescobol( sem trocadilhos, hein lacanianos!). Viajar. Rio no verão, com aquele cheiro de maresia. Asneiras com os amigos. Comer (novamente, viu turma aí em cima!).Beber. Ler. Dançar. Ouvir jazz, rock, MPB, blues, ópera, Beethoven, Mozart, Debussy.
Praia .Windsurf. Fondue de queijo com Chateaux Margaux e imagina -lo ao pé da lareira em uma noite chuvosa e fria na serra. Correr atrás dos meus sonhos. Também atrás dos meus primos pequenos. Cinema. Computador. Ganhar dinheiro. Gastar dinheiro. Imaginar um futuro namorado brincando de médico comigo, digo, de sexo com ele. Aliás, teria sido esta brincadeira tão boa de imaginar que resolvi utiliza - la de verdade em meu futuro trabalho?
E por que essas coisas me dão tesão? Uma energia acumulada em algum lugar que se desloca daqui- prali, como sugeriu o velho Freud? Ou o grande barato, pra mim, é a minha própria autoconstrução? O que me identifica, o que reconheço como igual a mim mesmo, me dá prazer consumir ou incorporar. O que é estranho a mim me causa dor, náusea, asco, repulsa, se tento delas me aproximar. Daí a gente procura qual é a minha turma? Qual a minha terra, meu lugar sapato – velho? Qual é a minha cara metade ( ó Plutão)? Qual o meu clube? Quais os meus ideais? Já repararam quanta força a gente faz para alcançar as coisas? E quanto mais difícil, mais gostoso.
É igual ao próprio sexo: quanto mais fácil ( pago ou em rotina conjugal) menos graça, quanto mais constituído, sonhado, elaborado, fantasiado, inovado, perseguido, mais tesão e mais prazer. Imaginem encontrar aquela gruta que, como sugere a velha maldição árabe, encaixe na medida certinha e que, se encontrada, por isso mesmo, não se consegue mais afastar. Tento essa busca, quanto mais inexorável e cataclísmica escravidão posterior, são puro tesão.
E como a gente pode medir a importância do sexo por aí?
Já repararam no cardápio de vídeos pornográficos. Quanta variedade! Quantas perversões? Quanta produção, tempo e dinheiro dispendidos! Se tanto é investido ( e retirado!) é por que o mercado é enorme e com incontáveis segmentos, cada um com sua fantasia comum. E haja grupo e interesses!
E as estantes de informação sexual, em livrarias. O número de casas de massagens e termas. A oferta de serviços, hoje, até nos classificados. O número de casamentos e descasamentos: cherchez la femme (ou l’homme)! A progressão da Aids: mesmo com riscos fatais, ela não é prevenida porque ele não é evitado, Os apelos publicitários. A ira de algumas seitas religiosas. A freqüência de certas queixas no consultório : “ Olha, eu to com uma certa dificuldade...é difícil explicar...” Pensaram em sexo? Bingo!
Pode- se viver sem ele? Não sei vocês, mas do meu lado, me desculpem que eu tenho uma coisinha importante pra fazer agora, ou melhor, sonhar, imaginar agora. Você pode adivinhar qual?

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