domingo, 14 de dezembro de 2008

A tal da queda

Eis me aqui, senhoras e senhores para lhes dissertar a tal da queda.
Tudo havia sido coberto por uma grande massa cinzenta da primavera que tinha sido anunciada há muito tempo atrás. As felicidades diante daquele cinza me tomavam tanto os desejos que, como em uma prece aos céus; uma gota de orvalho pairara na ponta de meu nariz.
A alegria se fez tão completa, que minha mente insistiu em voltar aos tempos de menina e de sentir o vento no rosto por poder correr sem destino, e foi ficando cada vez mais latente; que minhas pernas e meus braços não tinhas mais controle. Corri. Corri até sentir meus dedos murcharem pela velhice d’água, ou até o súbito susto.
Corri, até o fôlego cessar, e quando lhe cessava; corria mais. Os latejos de minha mente reclamavam, gritavam com prisioneiros mortos de fome; mas então eu fazia como os carrascos e não ouvia os murmúrios.
O gosto pelo o que não é permitido é uma espécie de registro em personalidade de tal calmaria quanto a minha. Fitava o chão como aquela que sabia cada pedaço. Mal eu adivinhara que analisaria aquilo mais precisamente.
Ouvia os cães de uma lonjura sem fim, perdendo – os em meu consciente, foi então que a consciência me perdeu.
Meu pequeno corpo frágil, preso à um vestido de pano fino lilás se foi de encontro ao chão. Poderia ouvir, milhares e milhares de vezes a sonora que aquilo me proporcionou. O tempo encurteceu, os latejos não mais haviam e o cheio do corpo quente tomara minhas narinas.
Com os braços rentes a cabeça, me fitou no milharal e das centenas de quedas que havia tomado por lá. Diante de prantos e risos que dava; constatei: havia lavado minha pobre alma ensebada pela nostalgia ali mesmo.
Gargalhei, e hei de gargalhar pelo sangue jorrado, e pela dor insuportável.
Pensei : “um soco, talvez, seria menos doloroso”; mas não. Era a dor do ego; senhoras e senhores. Um soco na minha mente.
Fui entrando em constatação da liberdade que havia me tomado. Com o lindo vestido lilás ensangüentado, os pisantes fora do lugar e o desespero de me ver tombada ao chão, ouço meu irmão ao longe pelos gritos. Ajudou-me a reerguer e me por de pé. Cambaleante.
Nota – se um sorriso de esmera no canto do meu lábio. Era a liberdade, meu caro. O gosto de sangue continuara o mesmo, mas o soco nas idéias; ah! Senhoras e senhores, jamais haveria de ser.

3 comentários:

Jailson Mayo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Você caiu mesmo? Rs.

Belo texto, bem profundo.

Anônimo disse...

Gostei da composição do texto, mas infelizmente não pude entender se vc caiu, se sangrou e o q te fez cair...e o qt sangrou.
Mas no fim pergunto...vc tá bem?!auhuahauhu

Gosto de como escreve!

Beijos.

P.S.: Comentário nada inspirador, mas não pude deixar de comentar.